Exames e Diagnóstico

Cintilografia do Miocárdio: para que serve, como é feita e indicações

A cintilografia do miocárdio é um exame de imagem funcional que permite avaliar o fluxo sanguíneo e o músculo cardíaco, detectando possíveis alterações nas artérias coronárias. Por meio de uma pequena quantidade de substância radioativa, o exame identifica áreas do coração com baixa perfusão ou danos, ajudando no diagnóstico de doenças cardiovasculares como infarto e angina. É um exame não invasivo, geralmente bem tolerado, e considerado seguro mesmo para pacientes em acompanhamento pós-procedimentos como cateterismo ou revascularização do miocárdio.

Tipos de cintilografia do miocárdio

Existem duas modalidades principais do exame de cintilografia do miocárdio, que variam de acordo com a necessidade clínica:

Cintilografia de Viabilidade Miocárdica

Esse tipo de exame é indicado para avaliar se áreas do coração danificadas ainda estão viáveis, ou seja, se mantêm atividade metabólica suficiente para recuperação. A realização do exame ocorre em duas etapas:

  1. Fase de repouso: O paciente recebe o medicamento (radiofármaco) em repouso.
  2. Fase de estresse: A seguir, passa por esforço físico ou é utilizado medicamentos para simular uma sobrecarga cardíaca.

O objetivo é comparar as imagens das duas fases e verificar se há regiões com fluxo de sangue adequado, mas sem contração muscular, sugerindo que o tecido ainda pode ser recuperado com tratamento adequado.

Cintilografia de Perfusão Miocárdica

A cintilografia de perfusão analisa a distribuição do sangue no músculo cardíaco em diferentes momentos. Assim como na viabilidade, o exame é feito em repouso e após estresse, permitindo identificar regiões com fluxo sanguíneo comprometido.

Essa modalidade é essencial para detectar isquemias, avaliar risco de eventos futuros e acompanhar a resposta a tratamentos cardíacos.

Quem deve fazer a cintilografia do miocárdio

A cintilografia do miocárdio é indicada para pacientes que apresentam risco aumentado de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio, ou que já passaram por eventos cardíacos anteriores.

Esse exame é comumente solicitado para pessoas com fatores de risco como:

  • Diabetes
  • Colesterol alto
  • Hipertensão arterial
  • Sobrepeso ou obesidade
  • Histórico familiar de problemas cardíacos

Além disso, a cintilografia também pode ser recomendada para pacientes que já realizaram:

  • Cateterismo cardíaco
  • Cirurgia de revascularização do miocárdio
  • Angioplastia coronariana
  • Tomografia cardíaca com suspeita de obstruções

O exame ajuda a avaliar o fluxo sanguíneo no coração, identificar áreas com baixa perfusão e orientar tratamentos como o uso de estatinas, angioplastia ou até cirurgia, dependendo do caso.

Riscos da cintilografia do miocárdio

Apesar de ser um exame seguro e não invasivo, a cintilografia do miocárdio envolve o uso de uma pequena quantidade de substância radioativa, o que pode causar reações adversas em casos raros.

Os principais efeitos colaterais possíveis incluem:

  • Reações alérgicas à substância injetada (radiofármaco)
  • Mal-estar após o esforço físico ou estresse farmacológico
  • Tontura, náusea ou queda da pressão arterial
  • Em casos muito raros, pode haver infarto do miocárdio durante a indução do estresse, especialmente em pacientes com doença arterial coronariana grave

Por isso, o exame deve ser feito em ambiente controlado e com supervisão de equipe especializada em cardiologia e medicina nuclear.

A decisão de realizar a cintilografia deve sempre ser individualizada, considerando o risco-benefício para cada paciente.

Benefícios da cintilografia do miocárdio

A cintilografia do miocárdio é um exame altamente eficaz na avaliação do músculo cardíaco e do fluxo sanguíneo, contribuindo diretamente para o diagnóstico precoce e o acompanhamento de diversas doenças cardíacas.

Seus principais benefícios incluem:

  • Alta precisão diagnóstica, mesmo em fases iniciais de isquemia ou disfunções cardíacas;
  • Visualização funcional do coração em repouso e sob estresse, permitindo comparação dinâmica;
  • Evita procedimentos invasivos desnecessários em muitos casos;
  • Ajuda a monitorar tratamentos em andamento, como uso de medicamentos, angioplastia ou controle de fatores de risco.

Além disso, o exame é ambulatorial, não requer internação, e raramente causa efeitos colaterais. Isso o torna uma ferramenta acessível e segura para diferentes perfis de pacientes.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN), a cintilografia do miocárdio é um exame funcional amplamente utilizado para avaliar a perfusão cardíaca e detectar isquemias ou necroses.

Possíveis reações ao exame

A maioria dos pacientes realiza a cintilografia do miocárdio sem apresentar sintomas. No entanto, como ocorre com qualquer exame que envolve substância radioativa e estímulo ao esforço cardíaco, podem surgir reações leves e temporárias.

As mais comuns incluem:

  • Tontura ou sensação de desmaio
  • Falta de ar
  • Enjoo ou mal-estar leve
  • Cefaleia (dor de cabeça)
  • Sensação de calor na face e na cabeça
  • Queda da pressão arterial
  • Desconforto ou dor no peito, especialmente durante a fase de estresse

Esses sintomas geralmente desaparecem poucos minutos após o término do exame. Em caso de desconforto persistente, o médico deve ser informado imediatamente para avaliação e conduta.

É importante seguir todas as orientações da equipe médica para reduzir o risco de reações durante o exame.

Preparo para a cintilografia do miocárdio

Para garantir a segurança e a precisão dos resultados, é fundamental seguir corretamente o preparo para a cintilografia do miocárdio. Algumas orientações devem ser cumpridas com antecedência, principalmente em relação à alimentação e ao uso de medicamentos.

Veja o que é necessário:

Na véspera do exame

Evite consumir alimentos e bebidas que contenham cafeína ou estimulantes, como:

  • Café
  • Chá preto, mate ou verde
  • Refrigerantes com cafeína
  • Chocolate ou alimentos com chocolate
  • Bebidas alcoólicas
  • Banana (deve ser evitada por interferir na absorção de algumas substâncias)

No dia do exame

  • Jejum de 4 a 6 horas antes do procedimento, salvo orientação contrária do seu médico;
  • Não fumar e evitar esforço físico intenso antes da realização;
  • Se for necessário, pode-se ingerir alimentos leves até 2 horas antes (apenas com liberação médica);
  • Informe ao cardiologista se faz uso de medicamentos como betabloqueadores, anti-hipertensivos ou anticoagulantes. Eles podem ser suspensos temporariamente;
  • Leve exames anteriores, principalmente testes de esforço, cateterismo, ecocardiograma ou tomografias cardíacas;
  • Use roupas confortáveis, pois o exame pode envolver caminhada leve em esteira ou bicicleta ergométrica.

O preparo adequado influencia diretamente na qualidade das imagens e na segurança do paciente durante a realização do exame.

Como é feito o exame

A cintilografia do miocárdio é realizada em duas fases principais: repouso e estresse. Ambas visam avaliar como o sangue circula pelas artérias coronárias e como o músculo cardíaco responde a diferentes situações.

Veja o passo a passo:

  1. Injeção do radiofármaco: Uma pequena quantidade de substância radioativa é aplicada na veia do paciente. Essa substância se concentra nas células do coração e permite gerar imagens detalhadas.
  2. Fase de repouso: Após a aplicação, o paciente permanece em repouso por cerca de 30 a 60 minutos. É o tempo necessário para o radiofármaco se distribuir adequadamente.
  3. Fase de estresse: Essa etapa simula esforço físico. Pode ser feita de duas formas:
    • Em esteira ou bicicleta ergométrica;
    • Com medicamentos que aumentam a frequência cardíaca, caso o paciente não possa fazer esforço.
      Se o estresse for induzido por remédio, o radiofármaco é injetado logo após alcançar o nível desejado de estímulo cardíaco.
  4. Captação das imagens: O paciente é colocado em um equipamento chamado gama câmara, que detecta a radiação emitida pelo coração e gera imagens do fluxo sanguíneo. O exame não causa dor e o paciente permanece imóvel por alguns minutos.
  5. Análise dos resultados Um médico especializado em medicina nuclear interpreta as imagens comparando as fases de repouso e estresse. O laudo é encaminhado ao cardiologista responsável.

Objetivos e contraindicações da cintilografia do miocárdio

O principal objetivo da cintilografia do miocárdio é avaliar o fluxo de sangue nas artérias coronárias e a saúde do músculo cardíaco. O exame é utilizado para:

  • Diagnosticar doenças cardíacas como angina e infarto;
  • Analisar a eficácia de tratamentos em andamento;
  • Estimar o risco de eventos cardíacos futuros;
  • Auxiliar na decisão sobre cirurgia ou angioplastia.

No entanto, o exame não é indicado para todos. As principais contraindicações incluem:

  • Gravidez (em qualquer fase)
  • Período de amamentação
  • Reações alérgicas conhecidas ao radiofármaco
  • Casos graves de asma ou broncospasmo, que podem ser agravados por medicamentos usados na fase de estresse

A indicação da cintilografia deve ser sempre feita por um cardiologista, que avaliará riscos e benefícios conforme o quadro clínico.

A cintilografia do miocárdio é uma ferramenta poderosa para diagnosticar e monitorar doenças cardíacas com precisão, segurança e sem procedimentos invasivos. Quando bem indicada, pode evitar exames desnecessários e orientar condutas que salvam vidas.

Agende sua consulta com o Dr. Ricardo Contesini, cardiologista especializado, e esclareça suas dúvidas sobre o exame ou sua saúde do coração.

 

Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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