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Falta de ar (dispneia): o que é, causas, sintomas e tratamentos

Sentir falta de ar, conhecida clinicamente como dispneia, é um sintoma comum que pode surgir por diversos motivos — desde esforço físico intenso até problemas respiratórios ou cardíacos mais sérios. A sensação pode variar entre um leve desconforto respiratório e uma real dificuldade para respirar, acompanhada de aperto no peito, cansaço ou ansiedade.

Embora muitas vezes passageira, a dispneia também pode sinalizar condições importantes, como insuficiência cardíaca, asma ou embolia pulmonar. Entender suas possíveis causas, tipos e formas de tratamento é fundamental para buscar ajuda médica no momento certo.

Principais causas da dispneia

A dispneia, ou falta de ar, pode ter diversas origens. Em alguns casos, é desencadeada por esforço físico intenso ou mudanças de temperatura. Em outros, está relacionada a problemas de saúde que afetam o sistema respiratório ou o coração.

As causas mais comuns incluem:

  • Doenças cardíacas, como insuficiência cardíaca, angina e infarto;
  • Doenças pulmonares, como asma, DPOC e bronquite crônica;
  • Obesidade e sedentarismo;
  • Crises de ansiedade e estresse;
  • Infecções respiratórias, como pneumonia ou gripe;
  • Uso de medicamentos com efeitos adversos sobre a respiração;
  • Tabagismo e exposição prolongada a poluentes.

A dispneia aguda (com duração de dias) costuma ter causas diferentes da dispneia crônica (com duração superior a 1 mês). O acompanhamento médico é fundamental para investigar o quadro com exames específicos e avaliar possíveis riscos.

Quais sintomas estão associados à dispneia?

A falta de ar costuma vir acompanhada de outros sinais importantes, que podem variar conforme a causa. Esses sintomas ajudam o médico a identificar se a origem é pulmonar, cardíaca ou até emocional.

Entre os sintomas mais relatados por pacientes com dispneia, estão:

  • Sensação de sufocamento ou aperto no peito;
  • Dificuldade para inspirar profundamente;
  • Respiração acelerada ou curta;
  • Palpitações ou batimentos cardíacos irregulares;
  • Tosse persistente ou com secreção;
  • Cansaço mesmo com atividades leves;
  • Dores no peito ao respirar ou ao se movimentar;
  • Sensação de enjoo ou tontura;
  • Ansiedade e suor frio em situações de crise.

Quando esses sintomas persistem por mais de alguns minutos ou se intensificam rapidamente, é importante procurar atendimento médico. Casos graves podem indicar um quadro de insuficiência respiratória, infarto ou embolia pulmonar.

Falta de ar na gravidez: é normal?

Durante a gestação, é comum que a mulher experimente falta de ar, especialmente a partir do segundo trimestre. Essa sensação pode variar em intensidade e normalmente está relacionada às mudanças fisiológicas e anatômicas do corpo durante esse período.

As causas mais frequentes da dispneia na gravidez incluem:

  • Alterações hormonais, como o aumento da progesterona, que influencia o centro respiratório;
  • Crescimento do útero, que comprime o diafragma e reduz a expansão dos pulmões;
  • Maior demanda de oxigênio pelo organismo;
  • Postura e aumento de peso, que afetam a mecânica respiratória.

Apesar de ser algo comum, a falta de ar persistente, acompanhada de dor no peito, tontura ou cansaço excessivo, deve ser avaliada por um médico. Em casos raros, pode indicar condições como anemia, asma ou tromboembolismo.

Se a gestante estiver com dificuldades para realizar tarefas simples ou sentir que os sintomas estão piorando, o ideal é buscar avaliação especializada com um cardiologista ou obstetra.

Como é feito o diagnóstico da dispneia?

O diagnóstico da dispneia ou falta de ar exige uma abordagem detalhada por parte do médico, levando em conta sintomas, histórico clínico e exames físicos. Em muitos casos, é necessário investigar se a causa é de origem pulmonar, cardíaca ou funcional.

Entre os exames mais solicitados estão:

  • Radiografia de tórax – para avaliar a estrutura pulmonar;
  • Eletrocardiograma e ecocardiograma – para investigar doenças cardíacas;
  • Oximetria de pulso – para medir a saturação de oxigênio no sangue;
  • Exames laboratoriais – como hemograma para verificar anemia;
  • Tomografia de tórax – quando há suspeita de embolia pulmonar ou DPOC.

Dependendo da avaliação inicial, o médico poderá encaminhar o paciente a um cardiologista ou pneumologista para investigações complementares.

O diagnóstico correto é essencial para iniciar o tratamento adequado e evitar complicações respiratórias ou cardiovasculares.

Tipos de dispneia

A dispneia pode ser classificada de acordo com suas causas, duração e momento em que ocorre. Essa diferenciação ajuda no diagnóstico e tratamento adequado da condição. A seguir, conheça os principais tipos:

Dispneia de esforço

É a mais comum e se manifesta quando o indivíduo sente dificuldade para respirar durante atividades físicas, mesmo aquelas que antes eram toleradas normalmente. Pode estar relacionada a doenças pulmonares, sedentarismo ou doenças cardíacas.

Dispneia paroxística noturna

Ocorre durante o sono, geralmente após algumas horas deitado. A pessoa acorda com falta de ar intensa e necessidade de sentar-se ou levantar-se para conseguir respirar melhor. Costuma estar associada a insuficiência cardíaca congestiva.

Dispneia de decúbito (ortopneia)

Caracteriza-se pela falta de ar que se agrava quando o paciente está deitado e melhora ao sentar-se ou levantar-se. É comum em casos de problemas no coração ou nos pulmões e pode ser confundida com a forma noturna.

Dispneia aguda

Surge de forma repentina e intensa. Pode indicar problemas graves como embolia pulmonar, crise asmática ou infarto agudo do miocárdio. Exige atenção médica imediata.

Dispneia crônica

É persistente e dura semanas ou meses. Está geralmente relacionada a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), fibrose pulmonar ou outras condições progressivas.

A identificação do tipo correto é fundamental para determinar a causa da falta de ar e evitar complicações mais graves.

Como é feito o diagnóstico da dispneia?

O diagnóstico da dispneia começa com uma avaliação clínica detalhada, feita por um médico clínico geral, pneumologista ou cardiologista, a depender da suspeita inicial. O profissional irá investigar os sintomas relatados, o histórico de saúde do paciente e possíveis fatores de risco, como tabagismo, sedentarismo ou doenças cardíacas e pulmonares.

Após essa triagem inicial, exames complementares são geralmente solicitados para entender a origem da dificuldade respiratória. Os exames mais utilizados incluem:

  • Radiografia de tórax: avalia estruturas pulmonares e cardíacas;
  • Tomografia computadorizada: oferece imagens mais detalhadas para detectar doenças pulmonares ou cardiovasculares;
  • Oximetria de pulso: mede o nível de oxigenação no sangue;
  • Espirometria ou teste de função pulmonar: avalia a capacidade respiratória;
  • Eletrocardiograma (ECG): analisa a atividade elétrica do coração;
  • Ecocardiograma: examina a função cardíaca com imagens em tempo real;
  • Exames de sangue: identificam anemia ou infecções.

Em casos mais específicos, podem ser solicitados testes como o teste de esforço, gasometria arterial ou até teste de caminhada de seis minutos, especialmente em pacientes com suspeita de doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC).

Uma avaliação completa permite não apenas diagnosticar a causa da falta de ar, mas também descartar condições graves e definir o tratamento mais adequado.

Quais são os tratamentos para a dispneia?

O tratamento da dispneia depende diretamente da causa subjacente — ou seja, o que está provocando a sensação de falta de ar. Por isso, o primeiro passo é sempre identificar a origem do problema, seja ela pulmonar, cardíaca, metabólica ou emocional.

Após o diagnóstico, o médico pode recomendar uma ou mais abordagens terapêuticas, que incluem:

1. Uso de medicamentos

  • Broncodilatadores e corticoides inalatórios são comuns em casos de asma, DPOC ou inflamações pulmonares.
  • Diuréticos e medicamentos para insuficiência cardíaca são utilizados quando a origem é cardíaca.
  • Ansiolíticos podem ser indicados quando a falta de ar tem relação com crises de ansiedade ou síndrome do pânico.

2. Fisioterapia respiratória

Indicada para pacientes com doenças pulmonares crônicas, a fisioterapia ajuda a melhorar a função pulmonar, a mobilização da secreção e o padrão respiratório. Também é útil em pós-COVID e reabilitação cardiopulmonar.

3. Oxigenoterapia

Em casos mais avançados ou com oxigenação comprometida, o uso de oxigênio suplementar pode ser prescrito, especialmente em situações de insuficiência respiratória ou hipóxia crônica.

4. Exercícios físicos supervisionados

A atividade física moderada e supervisionada melhora o condicionamento cardiovascular, ajuda no controle de peso e reduz sintomas relacionados ao sedentarismo, obesidade e ansiedade.

5. Reeducação e controle de gatilhos

Evitar a exposição a alérgenos, ambientes poluídos e fatores estressantes também faz parte da estratégia de tratamento, principalmente quando a dispneia está relacionada a asma ou condições psicossomáticas.

Nunca se automedique! Somente um profissional pode avaliar corretamente e indicar o tratamento ideal para cada tipo de dispneia.

Quando procurar ajuda médica?

A falta de ar pode ser um sintoma pontual e passageiro, como após exercícios intensos ou momentos de estresse, mas nem sempre é algo benigno.

Você deve procurar avaliação médica quando:

  • A sensação de falta de ar surge sem motivo aparente;
  • A respiração fica difícil mesmo em repouso;
  • dor no peito, tontura ou palpitação associadas;
  • Os episódios de dispneia são recorrentes ou estão se tornando mais frequentes;
  • Existe um histórico de doenças cardíacas ou pulmonares na família;
  • A dispneia está afetando sua qualidade de vida ou sono.

Em todos esses casos, a avaliação de um médico clínico, cardiologista ou pneumologista é essencial para investigar se existe uma condição subjacente como insuficiência cardíaca, DPOC, embolia pulmonar, asma ou até anemia severa.

Conclusão: falta de ar merece atenção

Sentir falta de ar, tecnicamente chamada de dispneia, é um sintoma comum, mas que pode esconder problemas de saúde sérios, como doenças cardíacas, pulmonares ou até quadros de ansiedade e anemia.

Observar com atenção a frequência, os gatilhos e os sintomas associados à dispneia é o primeiro passo. Mas, diante de qualquer dúvida, o mais indicado é procurar um médico para uma avaliação completa.

Se você sofre com episódios recorrentes de falta de ar, especialmente se associados a cansaço, dor no peito, palpitação ou desconforto ao deitar, agende uma consulta com um cardiologista ou pneumologista. Um diagnóstico precoce pode fazer toda a diferença.

Segundo o Manual MSD, a falta de ar pode ser causada por diversas condições, sendo essencial uma avaliação médica para determinar a causa exata e o tratamento adequado.

Leia também:

 

Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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