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Dissecção da aorta: o que é, sintomas e tratamentos

Dentre as condições mais graves que podem afetar a saúde humana, está a dissecção de aorta, que pode ser fatal, caso não tratada. Este distúrbio ocorre quando a camada média da artéria é lesionada, fazendo com que o fluxo sanguíneo penetre nas camadas internas da aorta, de forma a separá-las.

A dissecção consiste justamente nessa separação, que passa a contar com fluxo sanguíneo de grande pressão, sendo capaz de romper o vaso. Em casos mais graves, pode ocorrer a obstrução da passagem sanguínea para órgãos vitais.

De acordo com informações divulgadas pela Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV-SP), esta condição apresenta elevada taxa de mortalidade. A entidade estima que, a cada 100 mil pessoas, mais de 2 mil foram à óbito em decorrência das complicações da dissecção aórtica.

A doença, entretanto, é considerada de rara incidência. Além disso, nos dias atuais, há tratamentos eficazes, desde que rapidamente iniciados, apontam dados da SBACV-SP.

Entenda de que maneira a dissecção da aorta ocorre

A aorta é responsável por levar o sangue que parte do coração para outras partes do corpo humano. Quando da ocorrência desta condição, verifica-se que a camada interna da artéria foi rompida.

Tal rompimento origina uma espécie de “luz falsa”, fazendo com que o sangue passe a circular de forma indevida, uma vez que esta ocorrência gera outro caminho na parede da artéria.

Conforme o sangue vai penetrando nessas camadas, tal fluxo tem a capacidade de fazer com que a aorta seja inteiramente rompida, levando a um processo hemorrágico. Além disso, essa ocorrência pode impedir a passagem do sangue para órgãos como intestino, rins e até mesmo para o cérebro.

Por essa razão, a dissecção aórtica é classificada como de alto risco para a vida.

Saiba quais são os fatores causadores da dissecção aórtica

A condição acontece em virtude do enfraquecimento das paredes da aorta, fazendo com que a artéria se rompa. Os fatores principais de risco, ou seja, presentes em 75% dos casos, são a hipertensão e a aterosclerose, também conhecida como doença aterosclerótica, tratando-se do enrijecimento de artérias e vasos sanguíneos.

Os dois fatores citados são responsáveis por fazerem com que a aorta sofra uma contínua e elevada pressão durante anos. É importante destacar que a dissecção aórtica é mais frequente em indivíduos com mais de 60 anos e que sejam do sexo masculino.

Há, também, condições de natureza congênita que podem fragilizar a aorta. É o que se observa em relação a portadores da síndrome de Marfan e Ehlers-Danlos, que afetam o tecido conjuntivo do corpo. Tais condições podem ser diagnosticadas por meio de exames específicos, facilitando no planejamento do tratamento para prevenir a dissecção.

Assim como as situações elencadas, outro tipo de ocorrência que pode desencadear a dissecção da aorta é o trauma na região do tórax.

Confira de que modo esta condição é classificada

A dissecção da aorta consiste em uma delaminação que ocorre na camada média da artéria, promovida pela entrada de sangue por meio de um orifício, chegando à esta camada como se fosse um rasgo. Assim sendo, a condição pode ser classificada das seguintes formas:

Classificação de Bakey

  • Tipo I: Dissecções desse tipo envolvem a aorta ascendente, assim como a aorta descendente e o arco aórtico.
  • Tipo II: Ocorre quando a dissecção compromete exclusivamente a aorta ascendente.
  • Tipo III: Afeta a aorta descendente e pode ocorrer de duas formas. No primeiro caso, fica limitada à aorta descendente torácica. Já no segundo caso, também compromete a aorta abdominal.

Classificação de Stanford

  • Tipo A: É o tipo mais comum, comprometendo a aorta ascendente.
  • Tipo B: Não leva a um comprometimento da aorta ascendente.

As classificações da dissecção aórtica são de grande importância para que o médico estabeleça a conduta clínica, bem como o prognóstico desta condição.

Conheça os sintomas frequentemente apresentados

O sintoma mais presente em casos de dissecção de aorta é a dor torácica que ocorre de forma repentina e apresenta grande intensidade. É comum que os pacientes relatem que a dor em questão gera a sensação de que uma laceração está ocorrendo na região.

Os sintomas podem variar de acordo com a localização da dissecção aórtica. Em outras palavras, conforme o ponto afetado, o paciente apresenta dor que pode irradiar para regiões como o abdômen, costas e pescoço.

O indivíduo afetado também poderá apresentar outros sintomas. Veja:

  • Suor em excesso;
  • Falta de ar;
  • Desmaios;
  • Tonturas;
  • Dificuldade ao falar;
  • Paralisia em áreas do corpo.

Vale salientar que o conjunto de sintomas de dissecção aórtica pode ser variável para cada indivíduo comprometido. Em determinados casos, o paciente pode apresentar sintomas que também são comuns a outras doenças ou condições que costumam afetar o coração.

Há consenso na literatura médica de que a dissecção da aorta representa uma emergência, necessitando de tratamento o quanto antes. Por essa razão, caso o indivíduo apresente dores repentinas e intensas no peito ou nas costas, é importante que seja socorrido.

Recomenda-se, contudo, que no caso de suspeita da ocorrência desta condição, até mesmo o transporte até o hospital deverá ser feito por meio de um serviço de emergência, como o SAMU, por exemplo.

Como a dissecção de aorta é diagnosticada na atualidade

A avaliação clínica costuma ser o primeiro passo para diagnosticar a condição. Assim sendo, o médico terá como base o relato do paciente em relação aos sintomas que esteja apresentando, bem como em seu histórico de saúde.

Quando da hipótese diagnóstica de dissecção aórtica, o médico solicitará alguns exames de imagem a fim de estabelecer a real localização da ocorrência.

Um dos exames mais solicitados para esta condição é o raio-X de tórax. Neste caso, o exame possibilita a observação da silhueta alargada da artéria. Caso as dúvidas persistam, o profissional realizará outros exames, como a tomografia computadorizada e a angiografia.

A tomografia computadorizada, nesse caso, costuma ser realizada com contraste, já que é preciso realizar a detecção da condição rapidamente e de forma confiável.

Há outros exames que também podem favorecer a elucidação diagnóstica da dissecção de aorta, ainda que esta seja de pequenas dimensões. Dentre os exames realizados estão a angiografia por ressonância magnética e o ecocardiograma transesofágico.

Veja de que forma é feito o tratamento desta doença

Para tratar a condição, medicamentos que reduzem a pressão arterial costumam ser empregados. Com isso, ocorre a estabilização do fluxo sanguíneo, de forma a cessar a dissecção da artéria.

Tão logo o quadro seja estabilizado, é realizada a remoção da porção que passou por dissecção, o que é feito por meio de procedimento cirúrgico. Dessa forma, interrompe-se a passagem do fluxo sanguíneo para as camadas internas. Por fim, o vaso é reconstruído com o emprego de aplicação de stents e enxertos realizados com materiais sintéticos.

Para determinados casos, quando o médico verifica que a dissecção é de pequenas dimensões e não implica em complicações para a saúde do paciente, o tratamento poderá ser feito somente com medicamentos, não sendo necessário o procedimento cirúrgico.

Assim que a fase emergencial for estabilizada, o indivíduo afetado deverá adotar algumas medidas, como controlar a pressão arterial. Ainda que não sofra de hipertensão, este cuidado é necessário para evitar maiores danos. O acompanhamento médico ao longo de toda a vida é outra medida essencial para casos dessa natureza.

Saiba se é possível prevenir a dissecção da artéria aorta

Apesar de ser uma condição grave, é possível prevenir a dissecção da aorta. Abaixo estão alguns passos necessários:

  • Consultar o cardiologista regularmente;
  • Controlar a pressão arterial de forma frequente;
  • Abandonar o vício do tabagismo;
  • Prevenir e tratar a aterosclerose.
Dr. Ricardo Contesini

Médico cardiologista esportivo, especialista em cardiologia do esporte. Pós graduado em medicina esportiva pela Universidade Federal de São Paulo.

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